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Por que estamos adoecendo?

Nunca houve tantos recursos terapêuticos como hoje em dia. Nos países industrializados ou para pequenas parcelas da população de países em desenvolvimento, foram criados excelentes serviços de prestação de saúde e um eficiente sistema de abastecimento de alimentos.

No entanto, nesses mesmos países, é clamor geral o avanço das doenças crônicas e degenerativas, tais como câncer, a hipertensão, as doenças cardiovasculares, a diabete insulinodependente, a osteoporose e as deficiências imunes. A obesidade toma proporções epidêmicas, com dados alarmantes que nos informam sobre sua prevalência crescente, mesmo em populações de baixa renda de países em desenvolvimento como o Brasil.

Uma nova imagem em consumo de alimentos vem surgindo, na qual satisfazer apetite e saciedade não são as únicas considerações. Há um século, os estudos em nutrição tinham importância secundária à medicina e estavam voltados para avaliações de deficiência qualitativas e quantitativas na dieta. Hoje, no alvorecer no novo milênio, a ciência médica rende-se ao fato de que a nutrição tem impacto decisivo na saúde, na recuperação e na prevenção de doenças.

Cada geração aparentemente vem se tornando mais fraca que a anterior. Os bebês adquirem ou perdem sua imunidade ainda no corpo da mãe, durante a gravidez, e após o nascimento, com o aleitamento materno (ou a falta ele). Certos distúrbios autoimunes podem ter início ainda na vida placentária. Torna-se óbvio que desequilíbrios na saúde da mãe resultem em debilidades que vão se transmitindo de uma geração a outra.

A maioria dos bebês que não recebe aleitamento materno é alimentada com leite bovino, que apresenta grande quantidade de resíduos de antibióticos originados de drogas administradas à vaca. Os antibióticos no leite bovino alteram a flora intestinal do lactante e deprime o sistema imunológico intestinal e sistêmico, o que permite o crescimento de microrganismos que causam doenças.

A saúde das crianças funciona como um termômetro para que se avalie a saúde geral de um país. Nos Estados Unidos, Europa e também no Brasil estão tornando-se alarmantes os níveis de incidência do distúrbio de deficiência de atenção, asma e alergias. Números oficiais informam que 5% a 7% das crianças americanas possuem distúrbios de concentração, embora, pela avaliação subjetiva de professores, esse número possa chegar a valores ainda maiores. Esse fenômeno é relativamente novo, mas vem crescendo em incidência desde os anos 1970.

A asma infantil é uma das doenças de mais rápido crescimento também no Brasil, em todos os níveis socioeconômicos. Infecções recorrentes de ouvido, resistente a doses maciças de antibióticos, têm-se tornado um pesadelo para os pais, sendo também eventos raros antes dos anos 1970. A alta incidência de diarreia do lactante no Brasil, ainda a maior causa de mortalidade infantil, tem grande relação com uma flora intestinal adulterada pelos produtos lácteos, açúcares e más condições de higiene alimentar.

Doenças crônicas e degenerativas, algumas delas nunca antes mencionadas, estão disseminando-se rapidamente pelo mundo ocidental. Nomes como lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla, doença de Crohn, diverticulites, fibromialgia, síndrome da fadiga crônica, doença de Alzheimer e outras vêm se tornando comuns em nosso vocabulário. Pouco se conhecia dessas doenças entes da Segunda Guerra Mundial.

O treinamento de médicos para a reversão de um infarto do miocárdio não existia no início do século XX, tal raridade desses eventos. Hoje, os ataques cardíacos e outras falências cardiovasculares são os maiores responsáveis pela mortalidade nos Estados Unidos e bo Brasil, mobilizando um enorme aparato de resgate, ressuscitação, hospitalização – e capitalização – de pacientes.

Outras doenças como diabetes mellitus, sinusites, distúrbios digestivos em geral, alto colesterol e todos os tipos de câncer se tornam epidêmicos. Pela Sociedade Americana de Câncer, quatro de dez americanos terão de enfrentar algum tipo de câncer no decorrer de sua vida. O câncer do intestino grosso é a segunda doença mais diagnosticada nos Estados Unidos, com mais de 125 mil casos por ano. A síndrome do cólon irritável atinge 14% a 17% da população; quase metade dos atendimentos ambulatoriais em clínica médica são por causa dessa síndrome. Como a constipação crônica (prisão de ventre) tornou-se endêmica, a literatura médica oficial adaptou-se ao fato e considera “normal” evacuar duas a três vezes por semana em vez de uma vez ao dia.

As duas doenças que mais crescem no mundo ocidental no momento são o lúpus eritematoso, uma doença inflamatória do tecido conjuntivo, e a colite de Crohn, uma doença intestinal severa e pouco responsiva a tratamentos. As doenças autoimunes caracterizam-se por uma condição em que as defesas do organismo se voltam contra ele mesmo, destruindo suas próprias células.

Que fator em comum pode estar servindo de pano de fundo para essa epidemia de doenças? Por que estamos adoecendo?

 

Fonte: Lugar de médico é na cozinha. Cura e saúde pela alimentação viva.